A gestão de riscos e o uso da inteligência corporativa foram os temas centrais de um workshop realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE), em 24 de setembro, no formato online. O evento trouxe uma palestra do Capitão de Mar e Guerra (Veterano) Luis Fernando Baptistella, que compartilhou sua experiência na área de inteligência da Marinha e apresentou reflexões sobre como as empresas podem enfrentar incertezas internacionais.

Durante a exposição, Baptistella destacou que o ambiente atual é marcado por volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade, características reunidas na expressão “VUCA” (do inglês Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity). Segundo ele, a adaptabilidade das organizações é um fator decisivo para atravessar períodos de instabilidade. “Vivemos em um mundo VUCA. Nesse contexto, as empresas precisam revisar suas estratégias constantemente e estar preparadas para lidar com crises simultâneas”, afirmou.

O palestrante explicou que crises são interrupções significativas que exigem respostas imediatas e introduziu o conceito de “policrise”, quando diferentes eventos acontecem de forma interligada, intensificando seus impactos. Também ressaltou a importância de identificar vulnerabilidades internas, avaliar ameaças externas e reduzir vieses cognitivos na análise de riscos.

Outro ponto abordado foi a distinção entre inteligência de negócios e contrainteligência corporativa. Enquanto a primeira apoia processos decisórios, a segunda busca proteger as organizações contra ameaças externas, espionagem e crime organizado. “Contrainteligência não é sinônimo de segurança. Ela exige conhecimento especializado, capacidade analítica e atenção constante ao manuseio adequado das informações”, explicou.

Para exemplificar, Baptistella citou casos recentes de espionagem corporativa e tentativas de comercialização ilegal de informações sensíveis, chamando a atenção para os riscos financeiros e reputacionais que podem decorrer desse tipo de situação. “É preciso compreender que a ameaça é real e requer medidas proativas”, acrescentou.

O workshop integrou a programação da ABIMDE, que promove palestras e iniciativas voltadas às associadas, estimulando a atualização e a difusão de conhecimento.