ABIMDE
No dia 10 de setembro de 2025, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) realizou uma plenária conjunta com o Sindicato Nacional das Indústrias de Materiais de Defesa (SIMDE) e a Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), marco histórico de diálogo entre os setores de defesa, segurança e aeroespacial.
O encontro aconteceu no auditório 2 do Parque de Inovação Tecnológica (PIT), em São José dos Campos, durante o 1º Workshop de Fomento à Indústria Aeroespacial, promovido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), por meio do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI).
A plenária contou com a participação de representantes da ABIMDE, do SIMDE e da AIAB para alinhamento de estratégias e troca de informações entre indústria, instituições de defesa e órgãos governamentais.
Entre as autoridades presentes estiveram o Tenente-Brigadeiro do Ar Ricardo Augusto Fonseca Neubert, Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA); o Major-Brigadeiro Engenheiro Luciano Valentim Rechiuti, Vice-Diretor do DCTA; o Major-Brigadeiro do Ar Cláudio Wilson Saturnino Alves, Diretor do Departamento de Produtos de Defesa; o Major-Brigadeiro do Ar Nilson Soilet Carminati, Vice-Presidente Executivo do SIMDE; e o General de Brigada Sidnei Prado, que representou o Comitê da Indústria de Defesa e Segurança (COMDEFESA – PR).
Também participaram representantes das Forças Armadas e auxiliares, dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, CEOs, empresas, fundações e associações.
A plenária foi aberta pelo Tenente-Brigadeiro do Ar Ricardo Augusto Fonseca Neubert, Diretor-Geral do DCTA, que destacou a importância do encontro reunindo as três entidades em prol do desenvolvimento tecnológico do Brasil.
Na sequência, o Presidente do Conselho de Administração da ABIMDE, Luiz Carlos Paiva Teixeira, endossou o que disse o Brigadeiro Neubert e destacou: “nós temos o trabalho de tentar unificar e alinhar as nossas ações estratégicas para buscar resultados melhores para todos e não o contrário. Eu agradeço a presença de todos, acho que é um momento realmente histórico”.
A segunda exposição da plenária foi conduzida pelo Coronel Marcelo Zawadzki, Diretor do Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI). Na apresentação, o oficial detalhou as atribuições do órgão nas áreas de certificação e metrologia aplicadas ao setor aeroespacial. Ele também explicou que, por meio da Divisão de Certificação de Produto Aeroespacial, o instituto atua como autoridade de aeronavegabilidade militar, reconhecida por entidades internacionais.
Além disso, o Diretor do IFI explicou que a Divisão de Certificação de Sistema de Gestão é responsável por avaliar empresas e profissionais quanto a capacidade de fornecer produtos e serviços à Força Aérea Brasileira. Além disso, abordou a atuação dos laboratórios de ensaios e comprovação tecnológica, que integram o Sistema de Metrologia Aeroespacial e apoiam a qualidade e a inovação no desenvolvimento de equipamentos e processos voltados à defesa e ao setor espacial.
Depois do IFI, foi a vez da Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil (AIAB), representada por seu Presidente Júlio Shidara, que trouxe uma reflexão sobre o papel da entidade e os instrumentos necessários para estimular a inovação tecnológica no setor. Ele lembrou que a AIAB, que completa 32 anos em 2025, reúne atualmente 44 empresas associadas com atuação relevante nos segmentos aeronáutico e espacial, e que a missão da instituição é a de defender os interesses comuns dessas indústrias no Brasil e no exterior.
Shidara destacou a importância de mecanismos complementares ao offset, como os previstos no Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, regulamentado em 2018. Ele chamou a atenção para a necessidade de superar entraves jurídicos e de financiamento que ainda limitam o uso desses instrumentos, ressaltando que o país não pode se dar ao luxo de abrir mão de oportunidades que favoreçam a promoção tecnológica. Em sua avaliação, exemplos bem-sucedidos da indústria aeronáutica, como os projetos conduzidos pela Embraer ao longo das décadas, podem servir de referência para alavancar também o setor espacial brasileiro.
A terceira apresentação trouxe o Presidente-Executivo da ABIMDE, Tenente-Brigadeiro do Ar R1 José Augusto Crepaldi Affonso, falando sobre os desafios e vulnerabilidades enfrentados pela Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) no Brasil.
O Brigadeiro Crepaldi ressaltou que o setor nacional possui uma característica singular em comparação a outros países: “As nossas indústrias sobrevivem ao contrário, porque a Base Industrial de Defesa e Segurança no Brasil é eminentemente privada. O que garante a sua sobrevivência são os contratos”.
Para contextualizar, apresentou exemplos de notícias recentes como a nacionalização de empresas estratégicas e a reavaliação de dependências externas em países como Canadá e Reino Unido, evidenciando como a geopolítica redefine cenários e impacta diretamente a soberania das nações.
O Presidente-Executivo também chamou atenção para a necessidade de decisões estratégicas claras por parte do Estado, tanto na definição das ameaças prioritárias quanto na escolha das capacidades críticas que devem ser preservadas internamente. Segundo ele, essas escolhas determinam se o país deve investir em soluções próprias ou recorrer a parcerias de longo prazo: “Quando falamos em parceria estratégica, é como um casamento. Se o Brasil muda de rumo, essa relação também é abalada. Por isso, é fundamental definir com precisão a linha estratégica do país”.
Outro ponto de destaque foi a defesa da aplicação efetiva do regime jurídico especial da Lei nº 12.598, que prioriza as Empresas Estratégicas de Defesa. O Brigadeiro Crepaldi reconheceu a pouca familiaridade dos agentes públicos com esse instrumento, o que fragiliza a indústria e reduz sua competitividade. Ele também apontou entraves como contingenciamento orçamentário, instabilidade contratual e fragmentação nos processos de aquisição, tanto nas Forças Armadas quanto nos órgãos de segurança pública, que encarecem custos e dificultam o planejamento de longo prazo.
A seguir, alertou para o risco da perda de mão de obra altamente especializada, que acaba migrando para outros setores ou para o exterior diante da ausência de previsibilidade. Nesse ponto, foi categórico: o Estado deve assumir protagonismo para garantir estabilidade e dar sustentação ao desenvolvimento da indústria nacional.
Em suas palavras de encerramento, o Brigadeiro Crepaldi destacou a importância da união entre as entidades para fortalecer o setor. “Juntos podemos somar sinergia, força, conhecimento e o trabalho de cada instituição para apoiar a indústria nesse cenário tão desafiador, ajudando-a a superar as dificuldades e vencer”, afirmou.
Ele também agradeceu ao Brigadeiro Neubert pela acolhida no workshop da área espacial, ressaltando que o encontro conjunto da ABIMDE, do SIMDE e da AIAB representou um momento marcante para a Base Industrial de Defesa e Segurança. “A indústria é um dos pilares da soberania nacional e é assim que precisamos sensibilizar a sociedade, mostrando a relevância deste setor e da indústria brasileira”, concluiu.
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