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Em reunião na Fiesp, Brasil e EUA discutem cooperação em Defesa

Cônsul norte-americano Ricardo Zuniga defende o acesso da indústria brasileira ao mercado de seu país
Por FIESP. Atualizado em 06/01/2021 - Publicado em 24/05/2016

Reunião realizada no dia 20 de maio, na Fiesp, com a presença do cônsul geral dos Estados Unidos em São Paulo, Ricardo Zuniga, deu prosseguimento à parceria entre os setores brasileiro e norte-americano na área da Defesa.

Zuniga defendeu o acesso da indústria brasileira ao mercado de Defesa dos EUA. Nosso trabalho, disse Zuniga, é facilitar isso. Frisou que o Brasil é parceiro estratégico para as próximas décadas e explicou que o governo dos EUA busca, por motivos estratégicos, a diversificação de fornecedores.

Disse que a experiência dos últimos anos de tentativa de criar a relação entre os dois países em matéria de defesa deixou clara a necessidade de participação da indústria. Lembrou que a parceria de serviços militares vem de longo prazo. Deve-se ver de maneira estratégica, afirmou, ainda mais que no passado, a parceria entre a indústria e os serviços de defesa. Reconheceu que há desafios importantes para o Brasil, mas disse que o diálogo precisa seguir rumo muito pragmático, visando às exportações.

Zuniga espera melhores resultados a partir de agora. Lembrou que acordos aprovados em 2015, como o Acordo sobre Proteção de Informações Militares Sigilosas (Gsomia) facilitam intercâmbio de informação. Há outros acordos que precisam ser aprovados, disse.

A abertura do evento foi feita por Sergio Vaquelli, diretor titular adjunto do Departamento da Indústria da Defesa da Fiesp (Comdefesa), em nome de Paulo Skaf, presidente da entidade, e do diretor titular Jairo Candido.

Renata Vasconcellos, diretora da área de políticas do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos, lembrou o início da parceria, que considera bastante relevante, três anos antes. O momento, destacou, é importante para a indústria tanto nos EUA quanto no Brasil.

O coordenador do grupo de trabalho Brasil-EUA, embaixador Rubens Barbosa, enviou mensagem aos participantes da reunião, lida por Vaquelli, em que sugere dar tempo ao novo ministro da Defesa para conhecer a situação de sua pasta. Também sugeriu revisar os termos da parceria e criar agenda para o segundo semestre. Mudanças políticas ocorridas devem eliminar restrições ideológicas que não permitiram avanços do documento de 2015. Barbosa disse que pretende conseguir o reexame pelo governo brasileiro de três acordos importantes para o setor, e o resultado dessa negociação deve ser relatado na reunião do segundo semestre. Pediu compreensão dos EUA em relação à situação das empresas brasileiras. A cooperação entre Brasil e Estados Unidos, defendeu, deveria levar em conta aportes de tecnologia e inovação, e não apenas aquisição de empresas.

Landon Loomis, adido comercial da Embaixada Americana, destacou a iniciativa de criar diálogo na defesa. Foi item importante na reunião entre os presidentes dos EUA e do Brasil. Isso, disse, dá ideia da importância estratégica do tema. O capitão Samuel Valencia, chefe do escritório da Legação Militar da Embaixada dos EUA, disse que apesar do atual panorama, no setor militar a parceria entre os países vai muito bem. Seu escritório foca em vendas militares e tem especialistas em tecnologia. Quando Brasil precisa de tecnologia de nível mais alto, precisa passar por ele. Destacou que acordos assinados tornam necessário dar impulso aos negócios. Mesmo com as restrições orçamentárias, há muito sendo feito.

Contexto

“Cenário da Indústria Nacional de Defesa” foi o tema da apresentação de Anastácio Katsanos, diretor titular adjunto do Comdefesa, na abertura da reunião. Para contextualizar, falou sobre a desindustrialização do Brasil. O PIB industrial, de R$ 124 bilhões em 1980, era maior que o de países asiáticos somados, incluindo China, Malásia, Coreia e Tailândia. Hoje os asiáticos produzem R$ 2,23 trilhões, e o Brasil apenas 10% disso. Exibiu gráfico que mostra o comportamento da indústria de transformação desde 1947, com pico em 1984 (21,6% do total), baixando para 9% no fechamento de 2015.

O custo Brasil contribuiu para isso – entendendo o termo como carga fiscal (custo e burocracia), sistema político, custos de serviços non tradable, custo da Previdência, a infraestrutura, o custo do capital, as relações trabalhistas arcaicas e a corrupção. Impacto direto e indireto nas empresas é grande, chegando a 40% a 45% de seu custo total.

Apresentou cenários antes e depois do afastamento da presidente. Para o PIB, a previsão era recuo de 4,1% em 2016 e de 1% em 2017. Agora, redução de 3% em 2016 e 0,6% em 2017. Grau de investimento só deve ser retomado em 2019.

Descreveu em seguida o quadro do setor de defesa, com suas características específicas (poucos clientes, altamente regulado, elevada demanda tecnológica). Estudo da Fipe, disse, indica PIB do setor de defesa, excetuando pensões militares, em 2014, de R$ 202 bilhões (3,7% do total do país). Atividades de defesa nacional, segurança e outras diretas representaram R$ 110 bilhões. Frisou que Brasil é o único país sem envolvimento em guerras internas que gasta mais em segurança privada que em defesa.

Houve, disse, definições importantes de políticas para a defesa nacional entre 2008 e 2013, com aumento de orçamento para a área e a aprovação de planos relevantes. O orçamento de Defesa corresponde a 7% do orçamento total e 1,44% do PIB brasileiro, patamar muito inferior ao de outros países em situação geopolítica similar.

A fatia da indústria de Defesa está nos 11%, relativos a investimentos, do orçamento. Destacou que necessidade prevista de investimentos é de R$ 18 bilhões por ano, mas de 2008 a 2013, foi da faixa de R$ 8 bilhões. Para este ano, há R$ 4,5 bilhões aprovados, mas o gasto efetivo deverá ser menor.

Há atrasos em vários programas estratégicos. Há demissão de mão de obra especializada, o que dificultará recuperação. Existem também, disse, desafios no investimento em capacitação.

Acesso da base industrial ao mercado externo é outro desafio. Falta a muitas empresas a capacitação necessária, e não há apoio governamental. E existem problemas também com acordos internacionais, que o Brasil não assina.

De 2016 a 2020, disse, o governo tende a priorizar restos a pagar e a retomar alguns programas. Alguns deverão ser revistos, e outros, cancelados. O quadro, concluiu, é sombrio.

Depois das apresentações, foram discutidos os “Próximos Passos na Cooperação Bilateral em Defesa”.

Participaram da reunião Carlos Afonso Pierantoni Gambôa, Walter Bartels, Eduardo Bonini, Aldo da Silva Jr, Vinicius Meng, Marcos Tollendal, Reinaldo Rezende, Sandro Leonhardt, Marcelo Vaz, Renata Marques, John Lopes, Macon Field, Juliana Mota, Maura Curci.

 

Reunião na Fiesp discutiu "Os Próximos Passos na Cooperação Bilateral em Defesa". Foto: Helcio Nagamine/Fiesp

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