ABIMDE
A Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE) participou da abertura do Curso de Extensão em Defesa Nacional (CEDN), promovido pelo Ministério da Defesa e organizado pela Escola Superior de Defesa (ESD). A 30ª edição do curso começou 20 de maio e vai até o dia 23, em Salvador/BA, com apoio da 6ª Região Militar e parceria de instituições locais e do SENAI/CIMATEC.
O diretor da ABIMDE, Dr. Roberto Gallo, representou a entidade e ministrou a palestra “A Defesa como Indutor do Desenvolvimento Econômico, Social, Científico e Tecnológico”, ressaltando a dimensão e relevância da Base Industrial de Defesa e Segurança (BIDS) no Brasil.
“A economia de defesa pode ser medida de várias maneiras. Em número de empregos gerados, falamos de mais de 2 milhões de pessoas, podendo chegar a 3 milhões, dependendo da estatística. Isso representa cerca de 3,8% do PIB nacional”, afirmou o Dr. Gallo, destacando que esse percentual supera o de cadeias produtivas importantes, como a do trigo.
Ele também observou o contraste entre a participação da defesa na economia e o orçamento destinado ao setor. “O orçamento do Ministério da Defesa representa em torno de 0,9% do PIB, bastante abaixo da média mundial, especialmente em um ambiente onde o número de conflitos aumenta de forma acentuada”, pontuou.
Ao abordar a relação entre defesa e soberania nacional, o Dr. Gallo enfatizou que a existência de capacidades militares confiáveis está diretamente ligada à manutenção de uma indústria de defesa forte. “Sem soberania, portanto, não existem capacidades militares concretas. É uma ameaça à própria definição do Estado não ter uma indústria forte, capaz de entregar capacidade bélica”, disse.
Ele também destacou os efeitos positivos do desenvolvimento tecnológico impulsionado pelo setor de defesa, que se estendem à sociedade civil. “O desenvolvimento em tecnologia de defesa importa e impacta diretamente o dia a dia das pessoas. Um exemplo clássico é o forno de micro-ondas, que surgiu a partir de pesquisas militares”, lembrou.
O palestrante afirmou ainda que o modelo tradicional de inovação, baseado em grandes investimentos estatais para avanços exclusivos do setor militar, cedeu lugar a um ecossistema híbrido. “Hoje, o setor civil tem papel central no desenvolvimento de tecnologias estratégicas, em um movimento de 'dual use' — com aplicações civis e militares — que amplia o impacto da Base Industrial de Defesa na sociedade”, explicou. Ele citou exemplos nacionais, como o sistema Gov.BR e soluções militares adaptadas para saúde, transporte e comunicação.
Segundo o Dr. Gallo, essa nova dinâmica exige mudanças nas políticas públicas e estratégias empresariais. “A capacidade de absorver, adaptar e integrar rapidamente tecnologias disponíveis no mercado tornou-se tão importante quanto desenvolver soluções do zero. A experiência da Ucrânia ilustra essa agilidade, impulsionada por uma estrutura industrial e científica que valoriza processos simplificados, ciclos curtos e parcerias público-privadas eficientes. Para o Brasil, que já possui competência em setores como aeronáutica, cibernética e nuclear, o desafio é fortalecer mecanismos que potencializem a Base Industrial de Defesa como vetor de soberania e competitividade econômica global.”
Por fim, ele falou sobre a importância das empresas brasileiras no comércio internacional. “Cerca de 50 empresas mantêm exportações regulares, representando a maior parte do volume exportado pelo setor. A Base Industrial de Defesa assegura autonomia nacional, gera divisas, empregos qualificados e promove inovação. Fortalecer esse ecossistema, com políticas industriais de longo prazo e estímulo à pesquisa e desenvolvimento, é fundamental para que o país avance de forma sustentável e se consolide como player relevante na economia mundial, garantindo benefícios para toda a sociedade”, concluiu.
O CEDN tem como objetivo ampliar o envolvimento da sociedade em assuntos de defesa, conforme o VI Objetivo da Política Nacional de Defesa. A 30ª edição está sendo realizada em formato híbrido, com transmissão ao vivo pelo canal da ESD no YouTube, reunindo mais de 1.800 inscritos remotamente e público presencial no auditório do SESI, em Salvador.
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